O objetivo central é fornecer um diagnóstico abrangente da distribuição, uso de habitat, abundância e grau de diferenciação genética de três subespécies de aves consideradas endêmicas da região: Procnias albus wallacei (araponga-da-amazônia), Synallaxis scutata teretiala (estrelinha-preta) e Zonotrichia capensis novaesi (tico-tico).
O projeto foi criado para atender às exigências legais e ambientais associadas ao licenciamento de novas frentes de mineração. Além disso, oferece benefícios tangíveis à empresa porque viabiliza a continuidade de suas atividades com base em dados científicos sólidos, ao mesmo tempo em que contribui para a conservação de subespécies ameaçadas. A subespécie Procnias albus wallacei, por exemplo, é considerada rara e potencialmente ameaçada, e sua distribuição ainda é pouco conhecida. A ausência de estudos genéticos detalhados sobre Synallaxis scutata teretiala e Zonotrichia capensis novaesi impede a avaliação precisa de seus graus de ameaça e isolamento populacional, o que torna este projeto essencial para a definição de estratégias de conservação.

A região da Serra dos Carajás, localizada na Amazônia oriental, abriga uma das comunidades de aves mais ricas da região neotropical. Inserida em um mosaico de unidades de conservação, a paisagem combina florestas de terra firme com áreas de vegetação de canga — formações vegetais únicas que ocorrem sobre afloramentos ferruginosos. Essas áreas abrigam espécies de aves adaptadas a ambientes abertos e semiabertos, muitas das quais estão isoladas em enclaves de cerrado e campinarana dentro do bioma amazônico. As três subespécies alvo deste projeto foram descritas a partir de espécimes coletados na região de Carajás e, até o momento, são conhecidas com segurança apenas nesse território. Estudos recentes sugerem que Procnias albus wallacei pode ocorrer sazonalmente em outras áreas, como Portel (PA), mas análises genômicas mais detalhadas são necessárias para confirmar essa hipótese.