O projeto desenvolve tecnologias para modelar e simular o comportamento da frente de fogo em diferentes tipos de vegetação, tendo como alvo inicial a região do bloco florestal ao norte do Espírito Santo, que compreende a Reserva Natural Vale (RNV), a Reserva Biológica de Sooretama (ReBio) e seu entorno imediato, inseridos no bioma Mata Atlântica. Essa área é de extrema relevância ecológica e científica, pois abriga mais de 5.000 espécies e representa cerca de 11% do remanescente de Mata Atlântica no estado.
O objetivo é compreender e prever, de forma computacional, o avanço do fogo a partir de focos de incêndio, simulando seu deslocamento sobre a vegetação ao longo do tempo. Para isso, são utilizados dados de entrada como clima, relevo e cobertura vegetal. A proposta tem caráter tanto prognóstico (simulação de cenários futuros de propagação), quanto diagnóstico (simulação de incêndios em curso), fornecendo informações em tempo real sobre a direção e intensidade do avanço do fogo.
Do ponto de vista científico e tecnológico, o projeto se insere em um campo de pesquisa em expansão, que agrega modelagem matemática, inteligência artificial e sistemas geoespaciais para apoiar a gestão de incêndios florestais. A literatura aponta para a existência de diversas tecnologias aplicadas às etapas de prevenção, detecção, resposta e recuperação pós-incêndio. No entanto, a modelagem da propagação da frente de fogo — especialmente no apoio à decisão em tempo real — ainda é um desafio técnico e científico. Modelos existentes utilizam desde métodos estatísticos até simulações baseadas em física e inteligência artificial, mas há uma lacuna no uso de abordagens integradas que combinem dados ambientais em tempo real com algoritmos de previsão espacial.
Este projeto dá continuidade a iniciativas anteriores que resultaram em um modelo computacional em estágio de protótipo, já testado em campo com o apoio de uma estação meteorológica móvel, adquirida para fornecer dados atmosféricos precisos e em tempo real. A nova proposta amplia a abrangência da pesquisa, já que o modelo evoluiu para um sistema piloto e envolve outras áreas protegidas sob responsabilidade da Vale, incluindo unidades de conservação no Pará, Minas Gerais e demais áreas abrangidas pela Meta Florestal, totalizando mais de 900 mil hectares.




